A Estética do Possível: Design para a Vida Real
O design acessível e funcional para o bolso, para o lar e para você.
O design acessível e funcional para o bolso, para o lar e para você.
Nem todo design nasce para impressionar.
Alguns nascem para acolher.
Para caber no orçamento, no espaço disponível e na rotina que nem sempre é perfeita — mas é real.
Aqui, a estética não deve ser um luxo distante. É o resultado de escolhas conscientes, de soluções criativas, de reaproveitamentos cheios de afeto. É sobre encontrar beleza no que é funcional, no que faz sentido pra quem vive ali. E principalmente, que o investimento financeiro não fuja da realidade de quem se propõe a decorar.
Há uma ilusão de que decorações e projetos de interiores são “coisa de rico”. De fato, considerando a realidade financeira das famílias brasileiras, não podemos ser hipócritas e dizer que é uma realidade completamente acessível. Mas também não podemos dizer que não seja possível. Aqui, pretendo explorar possibilidades de tornar espaços esteticamente agradáveis e que sejam financeiramente viavéis.
Mais do que beleza, o design organiza, acolhe e traz praticidade. Ele melhora o cotidiano, especialmente em espaços pequenos e multifuncionais. Viver bem é um direito, tanto na perspectiva filosófica, quanto no sentido humano. A arquitetura e o design desempenham uma função importante, de modo que é cientificamente comprovado que morar bem apresenta efeitos positivos de saúde e bem-estar.
A Neuroarquitetura é um campo fascinante que une neurociência e arquitetura/design de interiores, buscando entender como os ambientes afetam diretamente nosso cérebro, emoções e comportamento. Mais do que o impacto visual, precisamos entender como essas mudanças podem refletir pontos positivos no nosso psicológico. Ela parte do princípio de que não projetamos só para os olhos, mas para todo o sistema nervoso — ou seja, projetar é também cuidar de como as pessoas se sentem dentro dos espaços.
O Design, enquanto função social, abre espaço para um campo de discussão que merece o olhar de todos. Nesse expoente, arquitetos bastante reconhecidos também têm contribuído para facilitar o acesso ao projeto arquitetônico. Dentre eles, podemos citar o trabalho social da Arquiteta e Urbanista, Ester Carro: Ela é cofundadora e presidente do Instituto Fazendinhando, que tem o objetivo de trazer transformação territorial, cultural e socioambiental em favelas. Tudo feito pelos moradores – e para eles. A iniciativa promove a revitalização de áreas públicas degradadas, a reforma de moradias precárias e a capacitação feminina na construção civil. Ester é o exemplo vivo de como é possível e necessário tornar a arquitetura e o design, um direito de todos. A arquiteta apresenta projetos de reformas em casas localizadas em áreas periféricas, com tamanhos desafiadoras e soluções práticas. Atuando na revitalização de moradias precárias, espaços públicos degradados e na capacitação de moradores locais, o trabalho realizado é um lembrete de que é possível pensar projetos tangíveis para as mais diferentes realidades, até mesmo no contexto das desigualdades.
O trabalho de Ester foi reconhecido pela Forbes Under 30 Brasil em 2023, destacando seu impacto social e ambiental nas favelas de São Paulo. Acima podemos ver alguns dos seus mais recentes trabalhos. A arquiteta realizas as atividades por meio do seu instituto e para apoiar o Instituto Fazendinhando e contribuir com a transformação de vidas nas comunidades, você pode realizar doações por meio do site oficial.
Cada vez mais, designers têm atuado com foco em soluções palpáveis, oferecendo consultorias por ambientes, atendimento online e projetos adaptáveis à realidade financeira do cliente. A democratização do acesso a esses profissionais tem ampliado as possibilidades e apresentado alternativas acessíveis para diferentes perfis de público.
Mudanças nos comportamentos da sociedade, como composição familiar, tem refletido na tendência de apartamentos cada vez menores, especialmente em cidades grandes. A metragem média dos lançamentos de apartamentos em São Paulo, por exemplo, tendo diminuído significativamente nos últimos anos.
Em um contexto de mudanças sociais profundas — como a redução das famílias, a verticalização das cidades e o aumento do custo por metro quadrado —, os lares estão encolhendo, enquanto as necessidades das pessoas crescem. Os apartamentos ficam menores, mas o desejo por ambientes funcionais, afetivos e acolhedores permanece (ou até aumenta).
É nesse ponto que o design de interiores se revela como algo muito além da estética: ele se torna uma verdadeira ferramenta de transformação. Em um mundo cada vez mais acelerado e urbano, onde o concreto toma conta das paisagens e as "selvas de pedra" se tornam a nova norma, o design surge como um respiro — uma forma de reconexão com o essencial.
Otimizar espaços, criar ambientes acolhedores, funcionais e humanizados não é mais um diferencial, é uma necessidade. O designer de interiores assume um papel fundamental nesse contexto, traduzindo desejos, necessidades e estilos de vida em soluções que equilibram beleza, conforto e propósito. O trabalho do designer não se resume a “deixar bonito”: é ele quem traduz desejos em soluções, emoções em ambientes, e ideias em experiências sensoriais. Com um olhar técnico, sensível e estratégico, o profissional de design consegue transformar espaços comuns em lugares acolhedores.
Atualmente, percebemos o crescimento de iniciativas que tem como objetivo fornecer soluções viáveis e acessíveis para a transformação dos ambientes. Com um clique, podemos achar infinidades de possibilidades de profissionais que trabalham com consultoria online. Até mesmo marcas renomados e consolidados no mercado como a Tok & Stok, ofertam serviços como Meu ambiente Tok&Stok , onde você pode receber uma proposta completa para fazer a reforma do seu ambiente, com maquete 3D e material técnico para guiar o trabalho. No Instagram e em plataformas como Arquiteto de bolso, há várias opções de profissionais que ofertam serviços que cabem no seu bolso: seja por cômodos, metragens ou um trabalho de consultoria mais pontual. O mercado vem se atualizando a realidade dos clientes.
Na era digital, redes como Youtube estão repletos de profissionais e produtores de conteúdo que ensinam alternativas fáceis para mudanças simples, mas que trazem um impacto gigante na harmonia do ambiente. Podemos pensar em reaproveitamento, DIY (faça você mesmo), brechós de móveis, feiras e até tintas baratinhas que podem transformar um espaço sem grandes investimentos.
Ao contratar a consultoria de design de interiores, que é um serviço mais enxuto e acessível do que um projeto completo. Ela serve como um guia prático para quem quer transformar um ambiente, mas não sabe por onde começar. Enquanto serviço online, você terá a ajuda de um profissional, mas você também pode colocar a mão na massa para seguir as orientações.
O famoso DIY pode conferir uma característica de exclusividade, dependendo da forma de produção, seja de um móvel ou artigo de decoração, sua construção pode trazer afetividade ao objeto: uma parede feita com lembranças de viagens, pintura em família, o reaproveitamento de uma moldura antiga ou uso de fotos pessoais. Aqui defendemos que a decoração deve fazer sentido na sua realidade, sem abrir mão de trazer alternativas criativas e baratas.
Uma parede de fotografias, uma lembrança da infância, plantas cultivadas com cuidado — tudo isso é design. É identidade. Afinal, ambientes bonitos não precisam seguir tendências de revista. Eles precisam fazer sentido para quem mora. Ou como diria Carlos Drummond de Andrade:
"Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar."
Quando falamos de alternativas para trazer o design e exclusividade para o seu ambiente. O artesanato surge como uma possibilidade. Em tempos de gostos padronizado, escolher o feito à mão é um ato de resistência. O artesanato local carrega história, identidade e alma. Cada produção será única, mesmo que sejam peças iguais. Esses são elementos que nenhuma produção em massa consegue replicar.
Incorporar peças artesanais na decoração é mais do que uma escolha estética: É dar voz às tradições, valorizar saberes ancestrais e conectar o lar com as raízes culturais do lugar onde se vive. São peças únicas, com texturas, imperfeições e significados que tornam a decoração exclusiva e viva.
Além disso, o artesanato permite uma decoração afetiva e sustentável, que respeita os ciclos naturais, incentiva o consumo consciente e fortalece comunidades. Trazer o local para dentro de casa é também um jeito de contar histórias.
Quando falamos de artesanato, não podemos deixar de destacar a unicidade do que é produzido aqui no Piauí: O fazer piauiense é profundamente conectado à história, à natureza e à ancestralidade da região.
Na Serra da Capivara, o artesanato dialoga com as pinturas rupestres e a herança arqueológica do território, dando origem a peças que resgatam símbolos ancestrais com formas e texturas únicas. Para conhecer mais do trabalho, siga Cerâmica da Serra.
Em Teresina, o Polo Cerâmico do Poty Velho é referência na produção artesanal em barro — com cerâmicas utilitárias e decorativas que refletem a cultura ribeirinha, feitas por mãos experientes que mantêm viva a tradição. O polo está localizado na Zona norte de Teresina capital do estado do Piauí, conhecido como Encontro do rios.
Na cidade de Queimada Nova, o trabalho com a palha da carnaúba se destaca por sua leveza e resistência. Com ela, artesãos produzem cestos, luminárias e objetos decorativos que traduzem a paisagem semiárida em arte. Inclusive, destaco a vitória recente do projeto Casa da Carnaúba em Várzea Queimada, realizada pelo escritório Rosenbaum, o projeto é um reflexo da valorização da importância do que tem sido produzido pelas artesãs nos últimos anos. Para entender mais, indico a leitura de Obra do ano 2024 Archdaily- Casa Carnaúba.
Essas produções mostram como o artesanato do Piauí não é apenas regional. Ele é universal na sua beleza, e totalmente aplicável ao design contemporâneo, trazendo autenticidade e exclusividade à decoração com alma brasileira.
Dica da Designer: Atualmente Teresina conta com um espaço que é um verdadeiro portfólio vivo do que temos de melhor do artesanto piauiense: A Casa do Artesão Design Mestre Albertino, localizada na Central de Artesanato Mestre Dezinho, foi criada pela Secretaria da Cultura (Secult), por meio da Superintendência de Desenvolvimento do Artesanato Piauiense (Sudarpi), o espaço tem como objetivo promover o artesanato piauiense, integrar artesãos e fortalecer a identidade cultural do estado.
Quem disse que ter uma casa com peças de designers renomados precisa custar caro?
A beleza também se encontra em brechós de esquina, peças de feira, móveis de vó que viram arte com uma pincelada de cor. Design é ideia, é afeto, é escolha com intenção e pode, sim, caber no bolso. Para tanto, o olhar cuidadoso e uma boa curadoria pode ser a saída par ter uma peça com design assinado em sua casa.
Alguns designs são protegidos por lei, como se fossem “a assinatura” de quem criou. Isso acontece quando o criador registra a peça como desenho industrial, garantindo seus direitos por um tempo (geralmente até 10 anos, prorrogáveis por mais 10). Mas nem todo design é patenteado e nem tudo que parece “autoral” é protegido legalmente. Para que um móvel seja considerado assinado, é necessário que o desenho industrial seja registrado no órgão competente, no caso do Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esse registro garante a proteção legal da criação e evita que outras pessoas copiem ou reproduzam o móvel sem autorização. No Brasil, os direitos patrimoniais de um autor podem expirar 70 anos após a morte do autor, os direitos morais permanecem protegendo a autoria e a integridade da obra indefinidamente. A lei assegura os direitos do autor durante toda sua vida e por até 70 anos após sua morte.
Quando o registro vence ou nunca foi feito, a peça entra em domínio público e pode ser reproduzida sem problemas. É o caso de muitos clássicos do design que já viraram patrimônio coletivo. Ou seja: sim, dá pra ter um móvel “inspirado” nos famosos — legalmente — desde que ele não esteja mais protegido por direitos exclusivos.
Sabe aquele conteúdo que a gente encontra e pensa: “como eu não vi isso antes?” Pois é. Garimpei um vídeo da Ciça Rego Macedo, uma designer de interiores carioca que se destaca por tornar o design acessível e descomplicado para todos. Nele, a designer apresenta uma curadoria impecável de peças atemporais, com desenhos assinados por designer famosos, e que hoje por estarem sob domínio público, podemos ter uma versão mais acessível e que pode ser uma alternativa para quem sempre sonhou com uma objeto de designer no seu lar.
Brechós e antiquários são um convite ao acaso e, às vezes, ao achado perfeito. Entre móveis com alma e objetos cheios de memória, é possível encontrar até peças assinadas por grandes nomes do design, por preços mais acessíveis.
O segredo? Ter olhar atento, paciência e uma boa dose de curiosidade. Porque beleza de verdade nem sempre vem embalada — às vezes, vem com algumas marcas do tempo e muito mais personalidade.
Algumas cidades contam com feiras e antiquários famosos por terem verdadeiros achados. Algumas referências queridinhas:
Feira do Bixiga (SP) – Todo domingo, com antiguidades e móveis retrô no coração da Bela Vista.
Feira do Lavradio (RJ) – Tradição no centro histórico do Rio, mistura design, arte e muita brasilidade.
Brechó Camarim (SP) – Um clássico para móveis e objetos com pegada vintage chic.
Brechó Garimpo Vintage (online e SP) – Curadoria linda e pronta pra quem quer garimpar sem sair de casa.
Feiras locais – Toda cidade tem aquela feirinha escondida que vale ouro. Olhar atento e paciência são aliados.
Então, se você tiver a oportunidade, seja em viagens ou até mesmo online (como sites de desapego, entre outros). O olhar atento pode ser exercício para trazer muita autenticidade pra sua casa.
Do Sonho à Realidade: foque no que se encaixa no seu mundo
Finalizo meu post, reiterando que o design não precisa ser distante ou inalcançável. Ao contrário, ele pode ser acessível, funcional e cheio de personalidade, respeitando o orçamento, o espaço e as necessidades de quem o habita.
No mundo real, onde o orçamento é apertado e as casas são pequenas, o design encontra sua verdadeira beleza no simples, no criativo, no sustentável e no que pode ser adaptado para todos os tipos de vida.
Aqui, a estética é feita de escolhas conscientes, soluções práticas e a combinação de elementos que se encaixam no seu dia a dia, criando ambientes que são não só bonitos, mas também funcionais e acolhedores. Porque, no fim, a verdadeira beleza está no possível.
Então, quer colocar o design possível em prática? Vamos conversar.